MATERNIDADE – Velhos tempos… novos dias
No último meio século, em um curto período de tempo, grandes foram as mudanças.
Hoje é possível pensar que a maternidade exige da mulher a superação necessária da experiência com a própria mãe, não do lado de fora, por meio de realizações pessoais e profissionais, mas superação entendida como o direito de existir por si, com autonomia, dona de si mesma.
Os novos tempos, com seus novos ideais têm exercido pressão sobre o capitalismo sempre em desenvolvimento. As instituições sociais e os interesses econômicos têm resistido às pressões de mudança sobre esse modo antigo de organização social.
Mesmo assim as mudanças ocorrem, aos tropeços, pois de um modo esquizofrênico reafirma e altera, em um mesmo tempo, as proposições públicas e privadas que orientam os cidadãos e assim sendo, por um lado, reforça a competição entre homens e mulheres, priorizando mulheres nas seleções de emprego de baixas e médias posições salariais e de mando e ao mesmo tempo, as discrimina na ocupação de funções hierarquicamente superiores, e quando para estas são designadas o fazem sob o estigma de salários rebaixados e tempo de trabalho estendido.
Abusos aos quais mulheres com frequência se submetem, como tentativa de manutenção do trabalho e prova de que a maternidade não as impede de serem profissionais competentes e produtivas. Armadilha que, de fato, pouco as protege.
Observemos, com cuidado, os velhos tempos e seus novos dias. E pensemos juntos, sem precipitação, sobre este devir.
Silvia Lobo